Dava pra ouvir os gritos a quilômetros de distância.
"SEU CORNO!!!!!!!!!!!!! FILHO DA PUTA!!!!!!!!!!!!! VIADO DESGRAÇADOOOOOOOOOOOOO!!!
Todo mundo ficou olhando ao redor, procurando o motivo de tanta confusão e gritaria. Os ambulantes, achando que era polícia, juntaram as coisas e sairam a mil pelo meio da rua, atrapanhando o trânsito. As mulheres correram pra dentro da farmácia, pensando que fosse assalto ou até coisa pior!
Todo mundo ficou olhando ao redor, procurando o motivo de tanta confusão e gritaria. Os ambulantes, achando que era polícia, juntaram as coisas e sairam a mil pelo meio da rua, atrapanhando o trânsito. As mulheres correram pra dentro da farmácia, pensando que fosse assalto ou até coisa pior!
E os gritos continuavam:
"DESGRAÇADO!!! NÃO TEM MÃE NÃO, SEU CORNOOOO! VAI TOMAR NO CUUUUUUUUUUUUUUUUU!!"
Os policiais iam saindo da delegacia, com armas em punho, já na tocaia pra pegar o meliante, quando veem andando a passos laargos e furiosos, a velha Maria.
Maria era, com larga dianteira, a puta mais famosa da Central. Vestida sempre com um shorte de malha curtinho até demais, um top (para realçar as muitas formas _ tantas que pareciam o solo lunar: crateras e montanhas e vales) e suas inconfundíveis sandálias Havaianas com meias de lã, Maria já estava na vida "há mais de quarenta anos" e ali na Central, fizera seus amigos e clientes mais frequentes.
Atrás de uma Maria enfurecida, vinha um senhor. Senhor, nada. Era um velhinho, mesmo! Desses que andam por aí, com casaquinho de tricô em pleno meio dia, calça de elástico na cintura e tênis branco, com direito a bonezinho e tudo.
Vinha o pobre velhinho tentando alcançar a Maria, com passos miudinhos e pedindo muito sem graça:
_ Desculpa, minha filha. Não foi por mal.
De vez em quando, Maria virava pra trás, com o dedo em riste xingando:
_ Não foi é o CARALHO!!!!!!!!!!!!!!!! VÁ VOCÊ TOMAR NO CU!!!!!!!!!!!!!!!
E o velhinho atrás, sempre correndo, pedindo desculpas a pobre menina, como se tivesse cometido o maior dos pecados, desde a crucificação.
De repente, Maria pára na porta do hotel onde mora há pelo menos "30 anos" e fica ali, balançando as pernas e mexendo no cabelo, como se quisesse ficar mais calma, ou pelo menos, menos puta (no sentido metafórico!).
O velhinho pára também um pouco antes na barraca do Pernambuco, compra um guaraná natural de R$ 0,50, respira fundo e vai chegando perto da Maria bem devagar.
_ Não chega perto de mim, seu tarado filho da puta. Ou eu te furo os olhos!
O velhinho estende a mão com o guaraná, tira o boné com a outra e diz, mais sem graça do que antes:
_ Minha filha, foi só o pedido de um velho. Desculpe se ofendi tanto a menina. Não era essa minha intenção. Sou só um velho que não sabe mais como falar essas coisas.
Maria, olha pro velhinho, com um ar de deprezo, puxa o copo da mão dele e responde mais alto do que nunca:
_ Você me ofendeu muito. Tá pensando que um graraná resolve? RESOLVE NADA!!!!!!!!
_ Minha filha, eu pago o que você pedir se atender ao meu pedido, não é nada tão...
Maria joga o copo na cara do pobre, interrompendo-o:
_TÁ PENSANDO QUE EU SOU UMA VADIA QUALQUER?!!? VAI TOMAR NO RABO VOCÊ!!!!!!!!!!!!!
E completa:
_ MEU CU NÃO DOU PRA NINGÚEM!!!!!!!!!!!!!! NÃO SOU PUTA NÃO!!!! QUARENTA ANOS NA VIDA E NINGUÉM COMEU MEU RABO!!!!!!!!!
O velhinho abaixa a cabeça e vai embora, deixando uma Maria indignada:
_ Onde já se viu?! Tá pensando que eu sou o que, pra pedir essas coisas?! Velho pervertido!
