sábado, 2 de setembro de 2006

POLÍCIA PARA QUEM PRECISA... E QUEM PRECISA DE POLÍCIA?

Violência.
O que significa isso pra você que está sentado aí, em frente a seu computador?
Significa ter medo de sair à noite sem rumo certo, pela cidade?
Significa andar desconfiado do cara que está na sua frente?
Ou esconder dinheiro, celular e outras coisas de valor embaixo do banco do carro, sem a frente do rádio, é claro?
É ter medo de passar perto de um morro e ser mais um na estatística?
Ou existe mais alguma coisa?
Nós temos medo da violência real, essa que pressiona, ataca, fere e mata. A violência dos filmes de mocinho-e-bandido. Das balas perdidas e invasões televisionadas. Temos medo da violência palpável, que pode nos atingir diretamente e tirar algo de nós. Seja dinheiro, dignidade ou orgulho.
Esquecemos da violência moral. Que tira nossa capacidade de discernimento, de ter respeito pelo outro. A violência surda que invade nossas televisões, rádios e computadores. E que nos robotiza e aliena.
Essa violência passa por nós todos os dias.
Quando damos uma moeda de r$ 0,25 que estava perdida no bolso da calça para uma criança no sinal. Ou fazemos para aliviar a consciência, "fazendo nossa parte", ou damos a recomendação hipócrita que é "pra comprar comida, hein!". Quem compra alguma "comida" com r$ 0,25? Um pão francês custa mais do que isso em alguns bairros do Rio.
Mas isso não importa. Dar essa esmola ( e não há outra definição pra essa atitude) significa estar isenta de responsabilidade sobre aquela criança e poder culpar o Governo e Deus por aquela situação ingrata. Hipocrisia disfarçada de caridade.
Violência é assistir 50 minutos de mentiras, promessas e descaso. Pessoas que serão eleitas no dia 01 de outubro com a missão de defender nossos direitos de cidadão e, após a posse, buscarão sua própria promoção e estabilização, retornando às promessas daqui a 4 longos anos.
Essa é a violência que aliena. Que diz que "não importa em qual votar: todos são iguais mesmo". É apatia e resignação, criando motivos para discussões inflamadas em bares e calçadas sobre o futuro do país e como somos "o país do futuro". Um futuro prometido desde os tempos de Cabral e que, a cada dia que passa, está mais e mais distante.
Promessas e favores. Humilhação e exploração da maior parte da população brasileira que precisa (e não tem! ) das condições mínimas para sobrevivência e que veêm nos políticos, chances de dias melhores.
Violência é ser corrupto no dia-a-dia O famoso "jeitinho brasileiro", que está longe da camaradagem nacional e muito mais perto da cultura da impunidade. É o policial da blitz das três da manhã. É o flanelinha da rua em Copacabana. É o segurança da boate. Violência dos pequenos poderes e do dinheiro fácil.
Violência é falta de respeito. Agressão moral e verbal. É ofender e mentir sobre si mesmo ou sobre outros por prazer e raiva.
Violência é ignorar o outro. Fazer de conta que não o vê, tranformando pessoas, suas dores e alegrias em números e formas indefinidas.
Violência não é mais uma ação e sim, a falta dela.
Não remete apenas a armas, gritos e correria. Fala de coisas da rotina diária. Fala de miséria, vergonha e uma raiva surda.
Fala de coisas que aprendemos a criticar nos outros, nunca em nós mesmo.
Fala da ausência de educação moral e principalmente, ética.
E é essa violência que não acaba, nem com toda ação policial ou as forças armadas. Nem com todas as promessas e milagres.
Essa é a violência que devemos temer: nossa insignificância como cidadãos. Nossa indiferença com seres humanos.

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